Qualquer coisa que se escreva sobre qualquer pedagogia, ainda que seja de grande valia como modelo de pensar o que norteia as ações no campo educacional, será insuficiente para dar conta de processos que são vivos, que acontecem em dinâmicas singulares, com pessoas de todas as idades, cada qual com seus recursos no momento de cada acontecimento. É como uma semente que vai crescer singularmente, a depender da condições: qualidade do solo, clima e cuidados dados ao plantio e ao cultivo da planta em cada contexto.
A pedagogia dos labirintos é assim: precisa estar sempre viva, aberta e curiosa com cada nova jornada. Aqui, descrita, ela já é sobre algum passado, vivido e elaborado. Podemos pensar que ao ser viva, ela é sempre sobre o que pode compor uma equipe de trabalho criativa, com uma certa “clientela” educacional e recreacional, que é, na maioria das vezes, indeterminada e desconhecida. É uma pedagogia que se faz nesse pulsar de relações e aprendizagem que prioriza o brincar, e confia que a partir da brincadeira estará tudo que pode acontecer, até mesmo a qualificação de educadores.
Esta pedagogia é tecida a muitas mãos, pés, mentes e corações. É sim, fundamentada em um material extenso no campo científico da educação infantil, pois surge das investigações do pedagogo Luca Rischbieter como um teórico desta área e um profundo amante das pessoas que fazem isso: trabalham com crianças.
Como criar contextos divertidos e intensamente relacionais para aprender sobre o inusitado?
Sua prática se realiza através de especulações sobre o que pode o labirinto de um caminho só em um ambiente de aprendizagem. Todo e qualquer ambiente pode ser lugar de aprendizagem, portanto, lugar de brincar. Um labirinto é também um convite para adultos estarem ativos, participando da brincadeira. A participação ativa como inventora desse caminho metodológico sempre original.
É importante destacar duas qualidades essenciais que, a nosso ver, fazem dos labirintos excelentes mediadores para quem busca mudar a educação no sentido de torná-la mais inovadora e criativa; em primeiro lugar, eles são símbolos com forte apelo para a atividade de caminhar, que não devem ser simplesmente contemplados, mas percorridos; E, em segundo, um labirinto unicursal oferece apenas um percurso de ida ao centro, não tem como “se perder”.
É a combinação dessas duas propriedades que ajuda a explicar o fascínio dos labirintos, e que dá origem à frase mais importante sobre eles, frase que ajuda a explicar o seu renascimento, nas últimas décadas, em hospitais, universidades e centros espirituais de todo o planeta: “Em seu caminho rumo ao centro, você jamais se perderá”. Desde os primeiros registros, por volta de 3000 AC, até o final do século XV, todos os labirintos encontrados possuem apenas um caminho até o centro, e apenas por volta de 1470 foi criado, em um aristocrático jardim inglês, o primeiro “maze”, ou labirinto feito para que as pessoas se perdessem.
Nossa maior motivação é seguir investigando e compartilhando esta ferramenta com seus modos de uso, com potencial para fortalecer qualquer pedagogia ou iniciativa que busca ser mais ativa, mais dinâmica, livre, que alimenta o faz de conta e os projetos, que não se fecha ao mundo, que é o mundo. Nos sentimos fazendo parte de um movimento que planta suas raízes na história da Pedagogia, em um novo ciclo de renovação da Educação.